domingo, 24 de janeiro de 2010

Como uma lagarta dentro de um casulo, que se esconde do mundo pra virar gente grande. Pra criar asas, pra ver o mundo lá do alto, pra voar sozinha e olhar com olhos pequeninos seres tão pequenininhos.aposto que se pudesse gritar, gritaria bem alto, e talvez até faça. a gente é que não sabe escutar.
A gente perde. esquece de deixar cair as migalhas de pão. A gente se esconde. perde muito, aprende tanto. talvez pudesse ficar no casulo o tempo todo, sem sentir medo do escuro que incomoda. sem sentir a falta de ar que o pânico da solidão trás. talvez pudesse brincar de deixar e esquecer.
- Deixa o mundo lá fora! Volta pra dentro. É quente, é confortável.
Se conseguisse deixar o corpo lá dentro e levar a alma pra fora. se conseguisse esquecer todos e se concentrar no escuro, talvez vivesse lá por séculos. mais talvez esse não fosse o seu melhor desejo. essa não é a sua melhor fuga, junto com o corpo a mente vaga. vôa pra fora, expande, dilata, amplia, alarga, deixa tudo como uma grande bola. a mente então volta a ser um grande beco sem saída e assim como a lagarta, se contorce pra ver se consegue criar asas.
não consegue.
diferente da lagarta, precisa de empurrão. precisa de alguém, talvez, 'alguens': pra puxar pra fora, pra se libertar, pro beco ter saída. precisa e não pede. sem coragem, sem força pra sair.