sábado, 2 de outubro de 2010

Nos levar além.

Lembra quando eu disse que eu sempre esqueço as minhas idéias mirabolantes sobre as inspirações repentinas? Hoje eu lembrei.
Não vou dizer que lembrei detalhadamente, porque você sabe, a minha memória é falha pra algumas coisas, não pra todas, que fique claro.
Eu sei que foi mais ou menos assim:
Algumas coisas me incomodam um pouco, algumas pessoas me incomodam, me deixam com um ar irritado, com o pescoço manchado em vermelho. Eu deveria ser assim com você também, me deixar irritar por mais tempo, pra testar, pra ver se faz diferença. Faz? Quando você diz amor, você pensa em que? em quantas pessoas ao mesmo tempo? Você pensa nos momentos também, não é? Porque se você os ama, você os ama por algum motivo, pela felicidade que lhe causaram, ou até mesmo pela irritação que incomoda, e acredito que tudo isso se engloba muito bem na palavra momento, porque de tudo ele é feito, não?
Feito de você, que apareceu assim, num momento mais ou menos, que de um momento pra outro transformou, ou não. Porque eu não entendo muito os seus jogos, e também nem sei se são jogos de verdade,talvez seja a chuva. É, a chuva, que escorre por entre os dedos da minha mão. Me encharca, no momento seguinte seca. Vai e volta, transborda e esvai.
Nossas vidas são levadas pela música que toca, que nos toca. Que toca no mesmo momento, sem querer, sem perceber, sem pestanejar. De respente se afina, traz a consciência, se perde, a música toca pra um, pra outro não, pra outros não. O Media Player perdeu a função de ligar repetição, ele só aceita o play, sem pausa, sem ordem aleatória, sem uma letra ao fundo, só alguns toques, algumas vozes misturadas sem que façam muito sentido, sem poder escolher, passar, repetir, continuar, andar.
E isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além. (Paulo Leminski)

Um comentário:

Apadrinhamento Cidade dos Meninos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.